domingo, 1 de fevereiro de 2015

O UNICÓRNIO / THE UNICORN



THE UNICORN IN CAPTIVITY
After the tapestry in The Cloisters

Here sits the Unicorn
In captivity;
His bright invulnerability
Captive at last;
The chase long past,
Winded and spent,
By the king’s spears rent;
Collared and tied
To a pomegranate tree –
Here sits the Unicorn
In captivity,
Yet free.

Here sits the Unicorn;
His overtakelessness
Bound by a circle small
As a maid’s embrace;
Ringed by a round corral;
Pinioned in place
By a fence of scarlet rail,
Fragile as a king’s crown,
Delicately laid down
Over horn, hoofs, and tail,
As a butterfly net
Is lightly set.

He could leap the corral,
If he rose
To his full white height;
He could splinter the fencing light,
With three blows
Of his porcelain hoofs in flight –
If he chose.
He could shatter his prison wall,
Could escape them all –
If he rose,
If he chose.

Her sits the Unicorn;
The wounds in his side
Still bleed
From the huntsmen’s spears,
Yet he takes no heed
Of the blood-red tears
On his milk-white hide,
That spring unsealed,
Like flowers that rise
From the velvet field
In which he lies.
Dream wounds, dream ties,
Do not bind him there
In a kingdom where
He is unaware
Of his wounds, of his snare.

Here sits the Unicorn;
Head in a collar cased,
Like a girdle laced
Round a maiden’s waist,
Broidered and buckled wide,
Carelessly tied.
He could slip his head
From the jeweled noose
So lightly tied –
If he tried,
As a maid could loose
The belt from her side;
He could slip the bond
So lightly tied –
If he tried.

Here sits the Unicorn;
Leashed by a chain of gold
To the pomegranate tree.
So light a chain to hold
So fierce a beast;
Delicate as a cross at rest
On a maiden’s breast.
He could snap the golden chain
With one toss of his mane,
If he chose to move,
If he chose to prove
His liberty.
But he does not choose
What choice would lose.
He stays, the Unicorn,
In captivity.

In captivity,
Flank, hoofs, and mane –
Yet look again –
His horn is free,
Rising above
Chain, fence, and tree,
Free hymn of love;
His horn
Bursts from his tranquil brow,
Like a comet born;
Cleaves like a galley’s prow
Into seas untorn;
Springs like a lily, white
From the earth below;
Spirals, a bird in flight
To a longed-for height;
Or a fountain bright,
Spurting to light
Of early morn –
O luminous horn!

Here sits the Unicorn –
In captivity?
In repose.
Forgotten now the blows
When the huntsmen rose
With their spears; dread sounds
Of the baying hounds,
With their cry for blood;
And the answering flood
In his veins for strife,
Of his rage for like,
In hoofs that plunged,
In horn that lunged.
Forgotten the strife;
Now the need to kill
Has died like fire,
And the need to love
Has replaced desire;
Forgotten now the pain
Of the wounds, the fence, the chain –
Where he sits so still,
Where he waits Thy will.

Quiet, the Unicorn,
In contemplation stilled,
With acceptance filled;
Quiet, save for his horn;
Alive in his horn;
Horizontally,
In captivity;
Perpendicularly,
Free.

As prisoners might,
Looking on high at night,
From day-close discipline
Of walls and bars,
Tonight-free infinity
Of sky and stars,
Find here felicity:
So is he free –
The Unicorn.
What is liberty?
Here lives the Unicorn,
In captivity,
Free.

O UNICÓRNIO CATIVO
 A partir de uma tapeçaria dos Cloisters

Eis o Unicórnio
cativo;
sua intocável vulnerabilidade
finalmente aprisionada;
há muito aconteceu
a longa caçada
dos cavaleiros do rei;
agora seus arreios estão atados
à romãzeira –
aqui está o Unicórnio
cativo,
porém,
livre.

Eis o Unicórnio;
sua valentia
contida por um pequeno círculo,
como o abraço de uma mulher;
em uma grade circular;
preso
por uma cerca escarlate,
tão frágil quanto a coroa de um rei,
que delicadamente retém
seu chifre, as patas e a crina,
como uma rede suavemente
prende uma borboleta.

Poderia pular a cerca,
se ele se erguesse,
estendendo seu branco dorso;
poderia facilmente parti-la,
com três golpes
de seus cascos de porcelana e fugir –
se ele quisesse.
Romperia os muros da prisão
e escaparia –
se ele saltasse,
se ele quisesse.

Eis o Unicórnio;
em seu flanco,
ainda sangram as feridas
das lanças dos caçadores,
embora não estanque
as lágrimas de sangue
que brotam
da branca penugem,
como flores
sobre o chão de veludo,
onde ele se deita.
Amarras e feridas de sonho
não conseguem prendê-lo
a este reino, onde nem
suas feridas, nem seu destino
importam.

Eis o Unicórnio;
a cabeça presa por um colar,
como um laço
em torno da cintura de uma mulher,
largo e bordado,
amarrado sem cuidado.
Poderia se soltar
da coleira cravejada de joias,
por ser tão largo o colar –
se ele tentasse;
como uma mulher desfaria
um laço preso à sua cintura,
e ele romperia as amarras
tão descuidadas –
se ele tentasse.

Eis o Unicórnio;
preso por uma corrente de ouro
à romãzeira.
Uma corrente tão frágil para deter
tão poderosa fera;
tão delicada quanto um crucifixo
sobre o colo de uma mulher.
Com um meneio,
poderia romper a corrente de ouro,
se ele quisesse se mover,
se ele quisesse sentir
a liberdade.
Mas prefere não fazer
essa escolha.
Aqui está o Unicórnio,
cativo.

Cativo, com seu
dorso, cascos e crina –
mas olhe novamente –
o chifre está livre,
alto, acima
da corrente, da cerca e da árvore,
como um canto livre de amor;
o chifre
emerge de sua fronte tranquila,
como uma estrela cadente;
emerge como uma proa de navio
cortando o mar tranquilo;
eleva-se como um lírio branco
acima da terra;
uma espiral, um voo de pássaro
alçando tão ansiadas alturas;
ou uma nascente
jorrando sob a luz
da manhã –
Ó luminoso chifre!

Eis o Unicórnio –
cativo?
Descansando.
Ele esqueceu os golpes
das lanças
dos caçadores; e os terríveis latidos
dos cães de caça,
em sua sede de sangue;
a força que corre
por suas veias atende
à ânsia de luta,
da fúria pela vida,
nos cascos pesados,
no chifre que respira.
esqueceu a luta;
agora a ânsia de matar
extinguiu-se como fogo,
e a ânsia de amar
tomou o lugar do desejo;
esqueceu a dor
das feridas, da cerca, da corrente –
senta-se, imóvel,
à espera de Tua vontade.

O Unicórnio está imóvel,
contemplando,
resignado;
impassível, menos o seu chifre;
o chifre continua vivo;
horizontalmente,
preso;
perpendicularmente,
livre.

Como prisioneiro
que à noite contempla o céu
e desdenha da prisão imposta
por grades e muros,
ao observar a liberdade
da noite estrelada,
e encontrar ali a sua felicidade:
então, o unicórnio
está livre.
O que é liberdade?
Aqui vive o Unicórnio,
cativo:
porém livre.

Nenhum comentário:

Postar um comentário