domingo, 1 de fevereiro de 2015

AMOR / LOVE


THE MAN AND THE CHILD

It is the man is us who works;

Who earns his daily bread and anxious scans
The evening skies to know tomorrow’s plans;
It is the man who hurries as he walks;
Finds courage in a crowd; shouts as he talks;
Who shuts his eyes and burrows through his task;
Who doubts his neighbor and who wears a mask;
Who moves in armor and who hides his tears.
It is the man is us who fears.

It is the child in us who plays;
Who sees no happiness beyond today’s;
Who sings for joy; who wonders, and who weeps;
It is the child in us at night who sleeps.
It is the child who silent turns his face,
Open and maskless, naked of defense,
Simple with trust, distilled of all pretense,
To sudden beauty in another’s face –

It is the child in us who loves.

O HOMEM E A CRIANÇA

É o homem em nós que trabalha;

que todos os dias ganha seu pão e, ansioso, à noite,
pergunta aos céus o que o futuro lhe trará;
é o homem que corre ao caminhar,
se inflama na multidão e grita ao falar,
fecha os olhos e se sobrecarrega de trabalho,
desconfia do vizinho e usa uma máscara,
veste uma armadura e oculta suas lágrimas.
É o homem em nós que tem medo.

É a criança em nós que brinca,
que todo dia sente uma felicidade maior,
que canta por cantar, é curiosa e chora;
é a criança em nós que, à noite, dorme.
É a criança que, silenciosa, nos olha,
aberta e sem disfarces, inocente,
simples e verdadeira, e não finge
ao ver beleza em outro rosto –

é a criança em nós que ama.

ALMS

Like birds in winter
You fed me;
Knowing the ground was frozen,
Knowing
I should never come to your hand,
Knowing
You did not need my gratitude.

Softly,
Like snow falling on snow,
Softly, so not to frighten me,
Softly,
You threw your crumbs upon the ground –
And walked away.

ÓBOLOS

Como aos pássaros no inverno,
tu me alimentaste;
sabendo que o chão estava gelado,
sabendo que
eu jamais viria comer em tua mão,
sabendo que
não precisavas da minha gratidão.

Suavemente,
como a neve cai sobre a neve,
suavemente, para não me assustar,
suavemente,
atiraste as migalhas ao chão –
e te afastaste.

THE LITTLE MERMAID
After Hans Christian Andersen’s story

Only the little mermaid knows the price
One pays for mortal love, what sacrifice
Exacted by the Sea-Witch, should one choose
A mermaid’s careless liberty to lose.

Into the smoky cauldron she must throw
A mermaid’s kingdom, gleaming far below
The restless waves in filtered light that falls
Through dim pellucid depths on palace walls.

All childhood haunts must go, all memories;
Her swaying garden of anemones
Circled by conch-shells, where the sea-fans dance
To unheard music, bending in a trance.

No longer – now she seeks a mortal home –
Sharing with sisters laughter light as foam.
Those moon-bright nights alone upon the shore,
Singing a mermaid’s song, are hers no more.

The magic sweetness of a mermaid’s song,
She must abandon, if she would belong
To mortal world, the gift – O fatal choice –
That might have wont the Prince, her golden voice.

The mermaid’s silver tail, with which to dart
From octopi; the mermaid’s coral heart
That felt no pain, she now must do without,
Exchanged for mortal longing, mortal doubt.

A PEQUENA SEREIA
A partir do conto de Hans Christian Andersen

Apenas a pequena sereia sabe o preço
a ser pago pelo amor mortal, o extremo sacrifício
pedido pela Bruxa do Mar, de abandonar
sua despreocupada liberdade de sereia.

Dentro do caldeirão fumegante, ela terá de lançar
seu reino, que brilha abaixo, sob as incessantes ondas
refletidas pela luz que se filtra, em meio às profundezas
sombrias e transparentes, sobre as paredes de seu palácio.

Terá de abandonar os medos de criança,
e todas as suas lembranças; seu jardim de anêmonas agitadas,
plantado em um círculo de conchas, onde as asas marinhas
dançam, encantadas, a uma música inaudível.

Não mais – pois agora ela busca seu lar mortal –
repartirá com suas irmãs o leve riso da espuma.
As noites de lua cheia, quando entoava seu canto
de sereia, só, à beira-mar, não lhe pertencem mais.

Terá de perder a doce magia de sua voz,
se quiser viver no mundo entre os mortais
e, em troca – Que trágica escolha! –,
seu canto dourado lhe dará o Príncipe.

Agora terá de perder a sua cauda prateada,
com que fugia do polvo e de seus tentáculos;
e, ainda, o coração de coral, imune à dor,
e trocá-lo pela paixão mortal, pela dúvida mortal!

EVEN –

Him that I love I wish to be
Free:

Free as the bare top twigs of tree,
Pushed up out of the fight
Of branches, struggling for the light,
Clear of the darkening pall,
Where shadows fall –
Open to the golden eye
Of sky;

Free as a gull
Alone upon a single shaft of air,
Invisible there,
Where
No man can touch,
No shout can reach,
Meet
No stare;

Free as a spear
Of grass,
Lost in the green
Anonymity
Of a thousand seen
Piercing, row on row,
The crust of earth,
With mirth,
Through to the blue,
Sharing the sun
Although
Circled, each one,
In his cool sphere
Of dew.

Him that I love, I wish to be
Free –
Even from me.

ATÉ MESMO –

Aquele que amo, desejo que seja
livre:

Livre como um ramo despido
no alto de uma árvore,
alheio à luta entre os galhos
que se agitam em busca da luz.
Livre da escura mortalha,
onde caem as sombras –
voltado para o olho dourado
no céu.

Livre como a gaivota,
sozinha num sopro de ar,
invisível,
onde
ninguém poderá tocá-la,
nenhuma voz alcançá-la,
ninguém
surpreendê-la.

Livre como uma lâmina
de grama,
em meio ao verde,
anônima,
entre tantas iguais,
que se espicham, se alinham,
cobrindo a terra,
felizes,
apontando o azul,
repartindo o sol,
envoltas,
ainda, uma a uma,
em frescas gotas
de orvalho.

Aquele que amo, desejo que seja
livre –
até mesmo de mim.

TWO CITADELS

We cannot meet, two citadels of stone
Imprisoned in our walls; two worlds that spin
Each in a separate orbit, each alone.
We are two homesteads, sheltering within
A score of lives. A score of household selves
Polish the floors, replenish pantry shelves,
Ticking to duties all the clock-told day,
Without a window-look across the way.

We cannot meet; stone citadels stand fast;
Two worlds do not embrace; homesteads are bound,
Attached to place, to time, to one day’s round.
But evenings when the drudgery is past
And blinds are drawn and children safe in bed,
And adults sit and dream and nod the head,
A child within each house can slip apart,
Run barefoot down the stairs and out to meet
His playmate. Breathless, in the dark, they greet
And fling each other wholly heart to heart.

DUAS CIDADES

Não podemos nos encontrar, duas cidades de pedra,
presos por trás dos muros, dois mundos que giram,
sozinhos, cada um em sua órbita.
Dois lares que guardam
inúmeras vidas, seres domésticos,
que limpam assoalhos e enchem prateleiras,
entregues à faina de cada dia,
sem olhar para fora de suas vidas.

Não podemos nos encontrar, cidades de pedra distantes,
dois mundos apartados, lares erguidos
e reduzidos ao seu lugar, ao tempo, ao giro dos dias.
Mas, à noite, quando cessa a balbúrdia,
e baixam as cortinas e as crianças vão dormir,
e os adultos se sentam, sonham e reclinam suas cabeças,
uma criança escapa de cada casa,
desce as escadas descalça e sai para encontrar
seu amigo. Sem fôlego, no escuro, elas se abraçam,
e seus corações se fundem.

A LEAF, A FLOWER, AND A STONE

Now there are no more words,
I bring a leaf, a flower, and a stone.

A leaf for my mouth
That can no longer speak,
Where you may trace
Along vein’s laddered lace,
Graven as hieroglyph,
Thought’s groping, tentative
But certain, toward your South:
A leaf for my mouth.

A flower for my heart
That finds no song;
Purer than rhyme,
Fragrance may climb,
Petal on petal,
Up the perfumed stair
To you, aware
Of music more profound,
More innocent than art:
A flower for my heart.

A stone for my hand
That silent comes to rest
Within your palm, a bird,
Hidden upon the nest,
Who, in a spiral, heard,
Mid-flight, the call
That sent its body small
Plummeting earthward, home,
Heavy with gravity
It cannot understand:
A stone for my hand.

Now there are no more words,
But you will know, when I sing
For others, that I bring
To you alone
A leaf, a flower, and a stone.

UMA PEDRA, UMA FOLHA E UMA FLOR

Agora que não há mais palavras,
eu trago uma pedra, uma folha e uma flor.

Uma pedra para minha mão,
que silenciosamente repousa
dentro da tua, como um pássaro
escondido no ninho,
que, em espiral, ouve,
em meio voo, o chamado
que lança seu corpo diminuto
contra a terra, de volta ao lar,
tombando com a gravidade,
sem entender:
uma pedra para minha mão.

Uma folha para minha boca,
que não pode mais falar,
mas guarda vestígios
na trama das veias,
gravados como hieróglifos,
pensamentos que seguem
certeiros, em tua direção ao sul:
uma folha para minha boca.

Uma flor para meu coração,
que não tem mais melodia;
mais pura que a rima,
fragrância que emerge
de cada pétala,
perfumando o caminho
até onde estás, atenta
ao canto mais denso,
mais inocente que a arte:
uma flor para meu coração.

Agora não há mais palavras,
mas saberás, quando eu cantar
diante de todos, que trago,
somente para ti,
uma pedra, uma folha e uma flor.

INTERIOR TREE

Burning tree upon the hill
And burning tree within my heart,
What kinship stands between the two,
What cord I cannot tear apart?

The passionate gust that sets one free,
– A flock of leaves in sudden flight –
Shatters the bright interior tree
Into a shower of splintered light.

Fused moments of felicity,
When flame in eye and heart unite,
Come they from earth, or can they be
The swallows of eternity?

ÁRVORE INTERIOR

Arde a árvore sobre a colina
e a árvore em meu coração.
Que semelhança elas têm,
que não consigo definir?

A paixão que a liberta
– folhas erguidas em súbito redemoinho –
inunda a árvore interior
com uma luz difusa e imensa.

Momentos de felicidade,
quando se fundem as flamas dos olhos e do coração,
erguem-se da terra ou são
o sabor da eternidade?



MORTE / DEATH




 A FINAL CRY

Praise life – Praise life –
Before the fall
Of winter’s knife,
They stand and call,
O man, praise life.

The bee who goes
To the aster knows
December’s fear;

The butterfly
On a daisy’s eye,
That death is near;

Flies in the sun,
That summer’s done;

Ripe berries wait
Their certain face.

In red and gold
The lesson’s told;

In ecstasy
The end foresee.

A final cry
From earth to sky,
Tree, fruit, and flower,
Before the hour
Of sacrifice:

Praise life, O man,
While yet you can.

O ÚLTIMO CHAMADO

Louve a vida – louve a vida –
antes que chegue
o inverno cortante;
erga-se e clame.
Ó homem, louve a vida.

A abelha, que suga
a flor, conhece
o perigo de dezembro;

a borboleta, pousada
sobre a margarida,
sabe que a morte se aproxima;

as moscas que voam ao sol
sabem quando o verão termina;

os bagos maduros esperam
seu destino.

Em luzes vermelhas e douradas,
ensinam a mesma lição;

em êxtase,
o fim se anuncia.

Um último chamado
da terra aos céus,
árvores, frutos e flores,
antes
do sacrifício.

Ó homem, louve a vida,
enquanto ainda é possível!

NO ANGELS

You think there are no angels any more –
No angels come to tell us in the night
Of joy or sorrow, love or death –
No breath of wings, no touch of palm to say
Divinity is near.
Today
Our revelations come
By telephone, or postman at the door,
You say –
      Oh no, the hour when fate is near,
Not these, the voices that can make us hear,
Not these
Have power to pierce below the stricken mind
Deep down into perception’s quivering core.
Blows fall unheeded on the bolted door;
Deafly we listen; blindly look; an still
Our fingers fumbling with the lock are numb,
Until
The Angels come.

Oh, do you not recall
It was a tree,
Springing from earth so passionately straight
And tall,
That made you see, at last, what giant force
Lay pushing in your heart?
And was it not that spray
Of dogwood blossoms, white across your road,
That all at once made grief too great a load
To bear?

No angels any more, your say,
No towering sword, no angry seas divide –
No angels –
      But a single bud of quince,
Flowering out of season on the day
She died,
Cracked suddenly across a porcelain world!

NÃO HÁ MAIS ANJOS

Imaginas que não há mais anjos –
que venham à noite nos falar
sobre alegrias e tristezas, o amor e a morte –
nem roçar ou rufar de asas que nos diga
que a divindade está perto.
Hoje
nossas revelações vêm
por telefone, pelo carteiro que bate à porta,
dizes –
      não, quando o destino se aproxima,
não estas, as vozes que ouvimos,
não estas
têm o poder de atingir nossas mentes confusas
bem fundo do coração agitado de nossa percepção.
Não percebemos as batidas à porta,
surdamente ouvimos, cegamente vemos e, ainda,
nossos dedos adormecidos tateiam os trincos,
até que
surjam os Anjos.

Ah, não te lembras
de uma árvore
erguendo-se, tão apaixonadamente ereta
e alta,
que fez com que, finalmente, visses a imensa força
que emergia do teu coração?
E não foi este campo
de alvas flores a atravessar teu caminho
que, súbito, tornou a tristeza insuportável
para ti?

Não há mais anjos, dizes,
nem espadas flamejantes, que dividam o mar bravio –
não há anjos –
      mas um simples broto de marmelo,
florindo fora de estação no dia
em que ela morreu,
de repente, partiu um mundo de porcelana!

ELEGY UNDER THE STARS

I here; you there –
But under those eyes, space is all-where.

I alive, you dead –
But under those eyes, all-time is spread.

I alone –
But under those eyes, all things are joined;
All sorrow, and all beauty, and all spirit,
Are one.

ELEGIA SOB AS ESTRELAS

Eu aqui; você lá –
mas sob esses olhos, o espaço está por toda parte.

Estou viva; você, morto –
mas sob esses olhos, o tempo todo se derrama.

Estou só –
mas sob esses olhos, tudo se funde,
toda a tristeza, toda a beleza e todo espírito
são um.

TESTAMENT

But how can I live without you? – she cried.

I left all world to you when I died:
Beauty of earth and air and sea;
Leap of a swallow or a tree;
Kiss of rain and wind’s embrace;
Passion of storm and winter’s face;
Touch of feather, flower, and stone;
Chiselled line of branch or bone;
Flight of stars, night’s caravan;
Song of crickets – and of man –
All these I put in my testament,
All these I bequeathed you when I went.

But how can I see them without your eyes
Or touch them without your hand?
How can I hear them without your ear,
Without your heart, understand?

These too, these too
I leave to you!

TESTAMENTO

Mas como posso viver sem ti? – ela gritou.

Deixei-te o mundo inteiro quando morri:
a beleza da terra, do ar e do mar,
o voo da andorinha e as árvores,
o beijo da chuva e o abraço do vento,
a paixão das tempestades e a face fria do inverno,
o toque das plumas, das flores e das pedras,
a forma dos galhos e dos ossos,
a noite estrelada sobre a viagem noturna,
a música dos grilos – e a dos homens –
tudo isso deixei em meu testamento,
tudo isso deixei para ti quando parti.

Mas como posso vê-los sem teus olhos,
ou tocá-los sem tua mão?
Como posso ouvi-los sem teu ouvido,
e compreender sem teu coração?

Esses também, esses também,
eu deixo para ti!

PRESENCE

I lift my head
      To find on high
A wheeling hawk
      Upon the sky –
So far above,
There too, my love?

Down at my feet
      A weed has pressed
Its scarlet knife
      Against my breast –
O miracle,
Are you here too?

PRESENÇA

Ergo a cabeça
      e vejo no alto
uma águia girando em círculos
      no céu –
      tão alto,
      ali também, meu amor?

Sob meus pés
      a relva pisada
as lanças vermelhas
      contra meu peito –
      Ó milagre,
      estás aqui também?

MOUNTAIN

While you were there,
Some place, some where
Upon this planet’s face,
Breath ran at swifter pace,
As if the air
Were lighter, rare,
Distilled as amber wine,
Alpine.

Now with your death
I find my burdened breath
An unaccustomed care,
Heavier by a hair
One scarce can see,
But breath’s no luxury;
A feather more is all
To make lungs rise and fall,
Catastrophe.

So little change
That it seems strange
Without my mountain there
(Some place, somewhere)
I find the weight of air
Almost too great to bear.

MONTANHA

Enquanto estiveste
em algum lugar, em alguma parte
sobre a face deste planeta,
eu respirava, calma,
como se o ar
fosse mais leve, raro,
translúcido como o âmbar,
alpino.

Agora, com tua morte,
respiro pesado,
com cuidado,
mesmo sem que os outros
vejam,
mas respirar não é um luxo,
basta uma pluma
para fazer-nos aspirar
a catástrofe.

Tudo mudou tão pouco,
que parece estranho,
mesmo sem ver a minha montanha
(em algum lugar, em alguma parte),
percebo que o ar pesa mais
do que eu posso suportar.

ALL SAINTS’ DAY

Today no breath
      Of life’s allowed
For Autumn spins
      Her silken shroud.

Thread upon thread
      The earth is bound
(November’s needle
      Makes the round).

No wind may lift
      The fallen leaf,
No flower, split
      The face of grief.

No flight of birds
      Distracts the eye
Across the smooth
      Unraveled sky.

So still the day,
      So pure, so bare;
Imprisoned in
      Her crystal stare,

Earth waits a miracle –
      Man too;
This is the day
      All saints pass through.

DIA DE TODOS OS SANTOS

Hoje não há sequer
      um sopro de vida,
pois o outono tece
      sua fina mortalha de seda.

Fio a fio,
      a terra se cobre
(a agulha de novembro
      cose o tecido).

Nenhum vento carrega
      a folha caída,
nenhuma flor desfaz
      a face da dor.

Nenhum voo de pássaros
      distrai o olhar
através da impecável
      suavidade dos céus.

O dia está tão calmo,
      tão puro, tão despido;
aprisionado em
      seu olhar de cristal,

A terra espera um milagre –
      o homem também;
este é o dia
      em que todos os santos vêm.

SECOND SOWING

For whom
The milk ungiven in the breast
When the child is gone?

For whom
The love locked up in the heart
That is left alone?

That golden yield
Split sod once, overflowed an August field,
Threshed out in pain upon September’s floor,
Now hoarded high in barns, a sterile store.

Break down the bolted door;
Rip open, spread and pour
The grain upon the barren ground
Wherever crack in clod is found.

There is no harvest for the heart alone;
The seed of love must be
Eternally
Resown.

SEGUNDO PLANTIO

A quem
dar o leite que ficou no peito
depois que o filho se foi?

A quem dar
o amor que restou no coração
abandonado?

A porta dourada
que se abriu para um largo campo em agosto,
e tombou de dor em setembro,
agora guarda, nos celeiros, uma safra estéril.

Arrebentem a tranca da porta,
rasguem as sacas, derramem e espalhem
os grãos
sobre os poros da terra.

Não há colheita para o coração que está só:
a semente do amor precisa ser
sempre
replantada.