THE MAN AND THE
CHILD
It is the man
is us who works;
Who earns his
daily bread and anxious scans
The evening
skies to know tomorrow’s plans;
It is the man
who hurries as he walks;
Finds courage
in a crowd; shouts as he talks;
Who shuts his
eyes and burrows through his task;
Who doubts his
neighbor and who wears a mask;
Who moves in
armor and who hides his tears.
It is the man
is us who fears.
It is the child
in us who plays;
Who sees no
happiness beyond today’s;
Who sings for
joy; who wonders, and who weeps;
It is the child
in us at night who sleeps.
It is the child
who silent turns his face,
Open and
maskless, naked of defense,
Simple with
trust, distilled of all pretense,
To sudden
beauty in another’s face –
It is the child
in us who loves.
O HOMEM E A CRIANÇA
É o homem em nós
que trabalha;
que todos os dias
ganha seu pão e, ansioso, à noite,
pergunta aos céus o
que o futuro lhe trará;
é o homem que corre
ao caminhar,
se inflama na
multidão e grita ao falar,
fecha os olhos e se
sobrecarrega de trabalho,
desconfia do
vizinho e usa uma máscara,
veste uma armadura
e oculta suas lágrimas.
É o homem em nós
que tem medo.
É a criança em nós
que brinca,
que todo dia sente
uma felicidade maior,
que canta por
cantar, é curiosa e chora;
é a criança em nós
que, à noite, dorme.
É a criança que,
silenciosa, nos olha,
aberta e sem
disfarces, inocente,
simples e
verdadeira, e não finge
ao ver beleza em
outro rosto –
é a criança em nós
que ama.
ALMS
Like birds in
winter
You fed me;
Knowing the
ground was frozen,
Knowing
I should never
come to your hand,
Knowing
You did not
need my gratitude.
Softly,
Like snow
falling on snow,
Softly, so not
to frighten me,
Softly,
You threw your
crumbs upon the ground –
And walked away.
ÓBOLOS
Como aos pássaros
no inverno,
tu me alimentaste;
sabendo que o chão
estava gelado,
sabendo que
eu jamais viria
comer em tua mão,
sabendo que
não precisavas da
minha gratidão.
Suavemente,
como a neve cai
sobre a neve,
suavemente, para
não me assustar,
suavemente,
atiraste as
migalhas ao chão –
e te afastaste.
THE LITTLE
MERMAID
After Hans
Christian Andersen’s story
Only the little
mermaid knows the price
One pays for
mortal love, what sacrifice
Exacted by the
Sea-Witch, should one choose
A mermaid’s
careless liberty to lose.
Into the smoky
cauldron she must throw
A mermaid’s
kingdom, gleaming far below
The restless
waves in filtered light that falls
Through dim
pellucid depths on palace walls.
All childhood
haunts must go, all memories;
Her swaying
garden of anemones
Circled by
conch-shells, where the sea-fans dance
To unheard
music, bending in a trance.
No longer – now
she seeks a mortal home –
Sharing with
sisters laughter light as foam.
Those
moon-bright nights alone upon the shore,
Singing a
mermaid’s song, are hers no more.
The magic
sweetness of a mermaid’s song,
She must
abandon, if she would belong
To mortal
world, the gift – O fatal choice –
That might have
wont the Prince, her golden voice.
The mermaid’s
silver tail, with which to dart
From octopi;
the mermaid’s coral heart
That felt no
pain, she now must do without,
Exchanged for
mortal longing, mortal doubt.
A PEQUENA SEREIA
A partir do conto de
Hans Christian Andersen
Apenas a pequena
sereia sabe o preço
a ser pago pelo
amor mortal, o extremo sacrifício
pedido pela Bruxa
do Mar, de abandonar
sua despreocupada
liberdade de sereia.
Dentro do caldeirão
fumegante, ela terá de lançar
seu reino, que
brilha abaixo, sob as incessantes ondas
refletidas pela luz
que se filtra, em meio às profundezas
sombrias e
transparentes, sobre as paredes de seu palácio.
Terá de abandonar
os medos de criança,
e todas as suas
lembranças; seu jardim de anêmonas agitadas,
plantado em um
círculo de conchas, onde as asas marinhas
dançam, encantadas,
a uma música inaudível.
Não mais – pois
agora ela busca seu lar mortal –
repartirá com suas
irmãs o leve riso da espuma.
As noites de lua
cheia, quando entoava seu canto
de sereia, só, à
beira-mar, não lhe pertencem mais.
Terá de perder a
doce magia de sua voz,
se quiser viver no
mundo entre os mortais
e, em troca – Que
trágica escolha! –,
seu canto dourado
lhe dará o Príncipe.
Agora terá de
perder a sua cauda prateada,
com que fugia do
polvo e de seus tentáculos;
e, ainda, o coração
de coral, imune à dor,
e trocá-lo pela
paixão mortal, pela dúvida mortal!
EVEN –
Him that I love
I wish to be
Free:
Free as the
bare top twigs of tree,
Pushed up out
of the fight
Of branches,
struggling for the light,
Clear of the
darkening pall,
Where shadows
fall –
Open to the
golden eye
Of sky;
Free as a gull
Alone upon a
single shaft of air,
Invisible
there,
Where
No man can
touch,
No shout can
reach,
Meet
No stare;
Free as a spear
Of grass,
Lost in the
green
Anonymity
Of a thousand
seen
Piercing, row
on row,
The crust of
earth,
With mirth,
Through to the
blue,
Sharing the sun
Although
Circled, each
one,
In his cool
sphere
Of dew.
Him that I
love, I wish to be
Free –
Even from me.
ATÉ MESMO –
Aquele que amo,
desejo que seja
livre:
Livre como um ramo
despido
no alto de uma
árvore,
alheio à luta entre
os galhos
que se agitam em
busca da luz.
Livre da escura
mortalha,
onde caem as
sombras –
voltado para o olho
dourado
no céu.
Livre como a
gaivota,
sozinha num sopro
de ar,
invisível,
onde
ninguém poderá
tocá-la,
nenhuma voz
alcançá-la,
ninguém
surpreendê-la.
Livre como uma
lâmina
de grama,
em meio ao verde,
anônima,
entre tantas
iguais,
que se espicham, se
alinham,
cobrindo a terra,
felizes,
apontando o azul,
repartindo o sol,
envoltas,
ainda, uma a uma,
em frescas gotas
de orvalho.
Aquele que amo,
desejo que seja
livre –
até mesmo de mim.
TWO CITADELS
We cannot meet,
two citadels of stone
Imprisoned in
our walls; two worlds that spin
Each in a
separate orbit, each alone.
We are two
homesteads, sheltering within
A score of
lives. A score of household selves
Polish the
floors, replenish pantry shelves,
Ticking to
duties all the clock-told day,
Without a
window-look across the way.
We cannot meet;
stone citadels stand fast;
Two worlds do
not embrace; homesteads are bound,
Attached to
place, to time, to one day’s round.
But evenings
when the drudgery is past
And blinds are
drawn and children safe in bed,
And adults sit
and dream and nod the head,
A child within
each house can slip apart,
Run barefoot
down the stairs and out to meet
His playmate.
Breathless, in the dark, they greet
And fling each
other wholly heart to heart.
DUAS CIDADES
Não podemos nos
encontrar, duas cidades de pedra,
presos por trás dos
muros, dois mundos que giram,
sozinhos, cada um
em sua órbita.
Dois lares que
guardam
inúmeras vidas,
seres domésticos,
que limpam assoalhos e enchem prateleiras,
entregues à faina de cada dia,
sem olhar para fora
de suas vidas.
Não podemos nos
encontrar, cidades de pedra distantes,
dois mundos
apartados, lares erguidos
e reduzidos ao seu
lugar, ao tempo, ao giro dos dias.
Mas, à noite,
quando cessa a balbúrdia,
e baixam as
cortinas e as crianças vão dormir,
e os adultos se
sentam, sonham e reclinam suas cabeças,
uma criança escapa
de cada casa,
desce as escadas
descalça e sai para encontrar
seu amigo. Sem
fôlego, no escuro, elas se abraçam,
e seus corações se
fundem.
A LEAF, A
FLOWER, AND A STONE
Now there are
no more words,
I bring a leaf,
a flower, and a stone.
A leaf for my
mouth
That can no
longer speak,
Where you may
trace
Along vein’s
laddered lace,
Graven as
hieroglyph,
Thought’s
groping, tentative
But certain,
toward your South:
A leaf for my
mouth.
A flower for my
heart
That finds no
song;
Purer than
rhyme,
Fragrance may
climb,
Petal on petal,
Up the perfumed
stair
To you, aware
Of music more
profound,
More innocent
than art:
A flower for my
heart.
A stone for my
hand
That silent
comes to rest
Within your
palm, a bird,
Hidden upon the
nest,
Who, in a
spiral, heard,
Mid-flight, the
call
That sent its
body small
Plummeting
earthward, home,
Heavy with
gravity
It cannot
understand:
A stone for my
hand.
Now there are
no more words,
But you will
know, when I sing
For others,
that I bring
To you alone
A leaf, a
flower, and a stone.
UMA PEDRA, UMA FOLHA E UMA FLOR
Agora que não há mais palavras,
eu trago uma pedra, uma folha e uma flor.
Uma pedra para minha mão,
que silenciosamente repousa
dentro da tua, como um pássaro
escondido no ninho,
que, em espiral, ouve,
em meio voo, o chamado
que lança seu corpo diminuto
contra a terra, de volta ao lar,
tombando com a gravidade,
sem entender:
uma pedra para minha mão.
Uma folha para minha boca,
que não pode mais falar,
mas guarda vestígios
na trama das veias,
gravados como hieróglifos,
pensamentos que seguem
certeiros, em tua direção ao sul:
uma folha para minha boca.
Uma flor para meu coração,
que não tem mais melodia;
mais pura que a rima,
fragrância que emerge
de cada pétala,
perfumando o caminho
até onde estás, atenta
ao canto mais denso,
mais inocente que a arte:
uma flor para meu coração.
Agora não há mais palavras,
mas saberás, quando eu cantar
diante de todos, que trago,
somente para ti,
uma pedra, uma folha e uma flor.
uma pedra, uma folha e uma flor.
INTERIOR TREE
Burning tree
upon the hill
And burning
tree within my heart,
What kinship
stands between the two,
What cord I
cannot tear apart?
The passionate
gust that sets one free,
– A flock of
leaves in sudden flight –
Shatters the
bright interior tree
Into a shower
of splintered light.
Fused moments
of felicity,
When flame in
eye and heart unite,
Come they from
earth, or can they be
The swallows of
eternity?
ÁRVORE INTERIOR
Arde a árvore sobre
a colina
e a árvore em meu
coração.
Que semelhança elas
têm,
que não consigo
definir?
A paixão que a
liberta
– folhas erguidas
em súbito redemoinho –
inunda a árvore
interior
com uma luz difusa
e imensa.
Momentos de
felicidade,
quando se fundem as
flamas dos olhos e do coração,
erguem-se da terra
ou são
o sabor da eternidade?
o sabor da eternidade?