Just room for
me to squeeze between
The lowered ceiling and divide,
Just power
enough to make the ridge
And, panting, gain the other side;
Just light
enough to see my field
And in the shadows kiss the grass;
Just strength,
just heart, just time enough,
For me, the tardy one, to pass.
O hill, O strip
of clearing sky,
Hold up the bars till I get by!
O lovely day –
forgive my sin,
One breath of light will let me in!
“APROXIMANDO-ME”
Preciso apenas de
um pouco de espaço para passar
sob
o teto baixo e fugir,
apenas de um pouco
de força para saltar a cerca
e por fim, sem fôlego, pelo outro lado,
sair.
Preciso apenas de
um pouco de luz para ver os campos
e, na penumbra, beijar a grama;
apenas força,
coração e tempo suficientes
para que eu, sempre atrasada, possa
seguir.
Ó montanhas e céus
claros,
esperem por mim!
Ó dia adorável –
perdoa-me os pecados,
um sopro de luz me deixará entrar!
SECURITY
There is refuge
in a sea-shell –
Or a star;
But in between,
Nowhere.
There is peace
in the immense –
Or the small;
Between the
two,
Not at all.
The planet in
the sky,
The sea-shell
on the ground:
And though all
heaven and earth
between them lie,
No peace is to
be found
Elsewhere.
Oh you who turn
For refuge,
learn
From women, who
have always known
The only roads
that life has shown
To be secure.
How sure
The path a
needle follows – or a star;
The near – the
far.
With what
compare
The light
reflected from a thimble’s stare,
Unless, on
high,
Arcturus’s eye?
The near – the
far:
But in between,
Oh where
Is comfort to
be seen?
There is refuge
in a sea-shell –
Or a star;
But in between,
Nowhere.
SEGURANÇA
Encontramos refúgio
numa concha –
ou numa estrela;
mas entre as duas,
não há.
Encontramos paz na
imensidão –
ou nas pequenas
coisas;
mas entre as duas,
não há.
O planeta nos céus,
a concha na areia:
e embora os céus e
a terra
estejam entre eles,
não encontramos paz
em nenhum outro
lugar.
Tu que procuras
um refúgio, aprende
com as mulheres que
sempre souberam
os caminhos seguros
da vida.
o caminho
seguro de uma
agulha – ou de uma estrela;
uma próxima – outra
distante.
A que poderíamos
comparar
a luz refletida num
dedal,
senão ao alto brilho
de Arturo?
Uma próxima – outra
distante:
mas entre as duas,
onde
encontrar conforto?
Encontramos refúgio
numa concha –
ou em uma estrela:
mas, entre as duas,
em lugar nenhum.
DOGWOOD
The dogwood
hurts me as I run
Beneath its
load
This Spring.
Those white
stars cascading
Down the wood
road,
Those white
blossoms with their faces
Upturned to the
sun.
The grace of
their branches is compassionate,
In an
uncompassionate world.
The whiteness
of their blossoms is too pure
To be unfurled
In a world
soiled by the feet of men;
And they are
open – too open,
In their flat
uplifted acceptance
Of the sky.
Besides,
They lie.
They say –
(And I do not
believe!)
They say –
(Oh, they
deceive – they deceive!)
They say –
(And I shut my
ears to their cry):
“Look, is here,
the answer,
It is here,
If your would
only see,
If you would
only listen,
If you would
only open your heart.”
They say –
“Look, it is
here!”
CORNISO
O corniso me fere
quando corro
com seu peso,
nesta primavera,
formando jorros de
pálidas estrelas
sobre uma estrada
coberta por galhos
e alvos brotos
mirando
o Sol.
A graça de seus
ramos é piedosa,
num mundo tão
impiedoso.
A alvura de suas
flores é por demais pura
para se abrir
a um mundo assolado
pelos homens;
e elas se abrem –
excessivamente,
entregues em sua
aceitação
sob o céu.
Além disso,
elas mentem.
Dizem –
(E eu não
acredito!)
Dizem –
(Elas mentem – elas
mentem!)
Dizem –
(E cubro meus
ouvidos para não ouvi-las gritar):
“Vê, está aqui, a
resposta,
está aqui,
se apenas pudesses
ver,
se apenas pudesses
ouvir,
se apenas abrisses
teu coração”.
Dizem –
“Vê, está aqui!”
NO HARVEST RIPENING
Autumn 1939
Come quickly,
winter, for the heart belies
The truth of
these warm days. These August skies
Are all too
fair to suit the times – so kind
That almost
they persuade the treacherous mind
It still is
summer and the world the same.
These gaudy
colors on the hills in flame
Are out of
keeping with the nun’s attire
We wear within
– of ashes, not of fire.
Season of
ripening fruit and seeds, depart;
There is no
harvest ripening in the heart.
Bring the frost
that strikes the dahlias down
In one cruel
night. The blackened buds, the brown
And wilted
heads, the crippled stems, we crave –
All beauty
withered, crumbling to the grave.
Wind, strip off
the leaves, and harden, Ground,
Till in your
frozen crust no break is found.
Then only, when
man’s inner world is one
With barren
earth and branches bared to bone,
Then only can
the heart begin to know
The seeds of
hope asleep beneath the snow;
Then only can
the chastened spirit tap
The hidden
faith still pulsing in the sap.
Only with
winter-patience can we bring
The
deep-desired, long-awaited spring.
COLHEITA IMATURA
Outono de 1939
Inverno, vem
rápido, pois o coração ainda carrega
a verdade desses
dias cálidos. Os céus de agosto
são belos demais
para esses dias – tão doces –
e quase convencem a
mente traiçoeira
de que é verão e o
mundo, ainda o mesmo.
As cores vivas
sobre as colinas acesas
destoam das vestes
escuras
que trazemos por
dentro – são de cinza, não de fogo.
Estação de frutos e
sementes maduras, parte!
Não há colheita
madura em meu coração.
À noite, traz o
gelo que, cruel,
queima as dálias.
Os brotos estão escuros, os tufos,
negros e murchos, e
as hastes, retorcidas; faz-nos falta –
toda a beleza morta
e sepulta sob a terra.
Vento, arranca as
folhas, Terra, endurece,
até que sua crosta
congele.
Então, apenas
quando o interior dos homens se unir
à terra ressecada e
aos galhos despidos,
somente então o
coração poderá conhecer
as sementes de
esperança adormecidas sob a neve,
somente então o
espírito puro poderá tocar
a fé oculta que
ainda pulsa na seiva.
Apenas com
paciência invernal conseguiremos trazer
de volta a tão
desejada e ansiada primavera.
THE STONE
There is a core
of suffering that the mind
Can never
penetrate or even find;
A stone that
clogs the stream of my delight,
Hidden beneath
the surface out of sight,
Below the flow
of words it lies concealed.
It blocks my
passage and it will not yield
To hammer blows
of will, and still resists
The surgeon’s
scalpel of analysis.
Too hard for
tears and too opaque for light,
Bright shafts
of prayer splinter against its might.
Beauty cannot
disguise nor music melt
A pain
undiagnosable but felt.
No sleep
dissolves that stony stalagmite
Mounting within
the unconscious caves of night.
No solvent left
but love. Whose love? My own?
And is one
asked to love the harsh unknown?
I am no Francis
who could kiss the lip
Of alien leper.
Caught within the grip
Of world
un-faith, I cannot even pray,
And must I
love? Is there no other way?
Suffering
without name or tongue or face,
Blindly I crush
you in my dark embrace!
A PEDRA
Há um sofrimento
que a mente
nunca percebe nem
consegue entender,
como uma pedra,
interrompendo o fluxo da minha alegria,
sob a superfície,
despercebida,
coberta por um
jorro de palavras,
cortando meu
caminho e me impedindo de passar,
mesmo contra minha
inabalável vontade e que resiste
ao bisturi afiado
da minha análise.
Embora imune às
lágrimas e opaca à luz,
atiro-me contra
ele, murmurando minhas preces.
Nem a beleza pode
encobrir ou a música dissolver
dor tão voraz e
desconhecida.
Nem o sono dissolve
as lanças de pedra
que se erguem nas
cavernas inconscientes da noite.
Não há outro
diluente senão o amor. De quem? O meu?
Pode-se pedir amar
o terrível desconhecido?
Não sou como Francisco
que beijaria a boca
dos leprosos. Presa
entre as garras
de um mundo sem fé,
eu, que mal sei rezar,
deveria amar?
Haveria outro caminho?
Num sofrimento sem
nome, nem língua, nem face,
cegamente te
estreito num desesperado abraço!
PILGRIM
This is a road
One walks alone;
Narrow the
track
And overgrown.
Dark is the way
And hard to find,
When the last
village
Drops behind.
Never a
footfall
Light to show
Fellow traveler
–
Yet I know
Someone before
Has trudged his load
In the same
footsteps –
This is a road.
PEREGRINO
Este é um caminho
para se trilhar sozinho,
estreitas sendas
cobertas de relva.
Escuro é o caminho
e difícil percebê-lo,
depois de deixar
a última cidade.
Nenhum passo
é tão leve,
companheiro de
viagem –
embora eu conheça
um viajante que
enveredou com seu fardo,
seguindo os mesmos
passos –
este é o caminho.
SAINT FOR OUR
TIME
But as last he
made his way to the other bank, and set the child down, saying: ‘Child, thou
hast put me in dire peril, and hast weighed so heavy upon me that if I had
borne the whole world upon my shoulders, it could not have burdened me more
heavily!’ And the child answered: ‘Wonder not, Christopher, for not only hast
thou borne the whole world upon thy shoulders, but Him Who created the world.’
The Golden
Legend
Christopher,
come back to earth again.
There is no age
in history when men
So cried for
you, Saint of a midnight wild,
Who stood
beside a stream and heard a child.
No even
Francis, brother to the poor,
Who, barefoot,
begged for alms from door to door,
And
pity-tortured kissed the leper’s brow –
Not even
Francis is so needed now
As you,
Christ-bearer.
Christopher, we die
Not for our lack
of charity; we lie
Imprisoned in
our sepulchers of stone,
Wanting your
gift, O Saint, your gift alone.
No one will
take the burden of the whole
Upon his
shoulders; each man in his soul
Thinks his
particular grief too great to bear
Without demanding
still another’s share.
But you – you
chose to bear a brother’s load
And every man
who travelled down your road
You ferried on
your back across the flood
Until one night
beside the stream there stood,
Wrapped in a
cloak of storm, a child who cried
And begged safe
passage to the other side –
A child who
weighed upon your back like lead,
Like earth upon
the shoulders of the dead –
And, struggling
to the bank while torrents whirled,
You found that
on your shoulder leaned a world.
No wonder that
the burden was so great:
You carried in
your arms the monstrous weight
Of all men’s
happiness and all men’s pain,
And all men’s
sorrows on your back had lain.
Even their sins
your carried as your own –
Even their
sins, you, Christopher, alone!
But who today
will take the risk or blame
For someone
else? Everyone is the same,
Dreading his
neighbor’s tongue or pen or deed.
Imprisoned in
fear we stand and do not heed
The cry that
you once heard across the stream.
“There is no
cry,” we say, “it is a dream.”
Christopher,
the waters rise again,
As on that
night, the waters rise; the rain
Bites like a
whip across a prisoner’s back;
The lightning
strikes like fighters in attack;
And thunder,
like a time-bomb, detonates
The starless
sky no searchlight penetrates.
The child is
crying on the further shore:
Christopher,
come back to earth once more.
SANTO DE NOSSOS
DIAS
E finalmente ele
atravessou para o outro lado, colocou a criança no chão e disse: “Colocaste-me
em grande perigo e o teu peso foi tão grande, que, se eu tivesse carregado o
mundo inteiro nas minhas costas, não teria pesado tanto!” E a criança
respondeu: “Não te espantes, Cristóvão, porque não apenas carregaste o mundo
inteiro nas tuas costas, mas como Aquele que criou o mundo”.
Legenda Áurea
Cristóvão, volta ao
mundo outra vez.
Jamais houve uma
época na História em que os homens
clamassem tanto por
ti, Santo da meia-noite selvagem,
que estiveste à
beira de um rio e ouviste uma criança chamar.
Nem mesmo
Francisco, irmão dos pobres,
que, descalço,
mendigou, de porta em porta,
e, tomado de
compaixão, beijou a testa dos leprosos –
nem mesmo Francisco
é tão necessário agora
como tu, Aquele que
carregou o Cristo.
Cristóvão, estamos morrendo,
não por falta de
caridade; estamos
presos aos nossos
sepulcros de pedra,
esperando possuir
teu dom, ó Santo, apenas teu dom.
Ninguém carregará o
fardo do mundo
sobre os ombros;
cada homem
pensa que sua dor
já é insuportável
e não se oferece
para repartir o peso alheio.
Mas tu – tu
escolheste levar o peso de teu irmão
e aqueles que
atravessaram teu caminho
carregaste no ombro
para atravessar o rio,
até que, uma noite,
encontraste à beira d’água,
em meio à
tempestade, uma criança que te chamou
e te implorou para
levá-lo para o outro lado –
uma criança que
pesou sobre tuas costas como chumbo,
como a terra sobre
os ombros dos mortos –
e lutando para
alcançar a outra margem através da corrente,
descobriste que
sobre teus ombros pesava o mundo.
Não admira que o
fardo fosse tão grande:
levaste em teus
braços o enorme peso
de toda alegria e
toda dor humanas,
e a tristeza de
todos os homens jazia sobre tuas costas.
mesmo seus pecados
carregaste como teus –
mesmo seus pecados,
tu, Cristóvão, carregaste sozinho!
Mas quem hoje
correrá o risco ou aceitará a culpa
do outro? Todos
agem igual,
temendo a língua,
as palavras ou os atos do outro.
Prisioneiros do
medo, não ousamos lançar
o chamado que
ouviste do outro lado do rio.
“Não há nenhum
chamado”, dizemos, “é apenas um sonho”.
Cristóvão, as águas
se elevam novamente,
como naquela noite,
as águas se elevam; a chuva
estala como um
açoite sobre o dorso dos prisioneiros;
os raios caem como
combatentes;
e o trovão explode, como uma bomba-relógio,
sobre um céu negro
e inexpugnável.
A criança chama da outra margem:
Cristóvão, volta ao mundo outra vez!
A criança chama da outra margem:
Cristóvão, volta ao mundo outra vez!
Nenhum comentário:
Postar um comentário